Estão abertas as inscrições para participação no curso de formação internacional “You SIM – Simulation games as a method to youth workers and Civil Society Activities” a ser realizado entre 18 e 25 de Agosto 2013, em Berlim.
Este curso de formação terá como principais actividades a serem desenvolvidas a participação, concepção, desenho e implementação de jogos de simulação, adaptados à realidade dos formadores juvenis e activistas da Sociedade Civil.
Os jovens participantes neste curso de formação devem ter:
- idades entre os 20 e os 35 anos;
- fluência na comunicação em Inglês;
- experiência como formadores na área da educação não formal /trabalho juvenil/ educação cívica;
- perspectivas de utilização dos novos conhecimentos no seu trabalho;
- forte interesse pela aprendizagem de uma nova metodologia: os jogos de simulação.
Custos:
Todas as despesas de alojamento, alimentação e participação nas actividades estão cobertas, bem como 70% da viagem ida e volta. Os participantes devem suportar 30% do valor total da viagem.
Os formadores interessados em participar devem enviar o seu CV e uma carta de motivação (ambos em inglês) para intercambios@a-spin.pt até dia 28 de Maio 2013. A carta de motivação deve responder às seguintes perguntas: Why are you interested in the method of simulation gaming? How (if in any way) do you want to apply it in your work?
“3C for Peace” é um curso que terá lugar em Florença, de 30 de Junho a 7 de Julho, e vai reunir 20 jovens de 10 países: Alemanha, Portugal, Espanha, Grécia, Roménia Bulgária, Estónia, Eslováquia, França e Itália.
Este curso de formação internacional tem como principal objectivo o desenvolvimento de 3 competências base nos trabalhadores juvenis que lidam com actividades para a paz: a comunicação, a gestão de conflitos e a cidadania activa.
O curso pretende o desenvolvimento da capacidade de comunicação e gestão de conflitos dos jovens multiplicadores para a paz e aumentar a sua consciencialização da cidadania activa e diálogo intercultural no trabalho em contexto multicultural. Este projecto pretende também apresentar a aprendizagem experiencial como uma ferramenta viável na educação para a paz.
"3C for Peace" garante uma abordagem holística para agir concretamente na promoção dos Direitos Humanos e para efectivamente fazer parte da vida social e politica na Europa como cidadãos informados e activos, capazes de fomentar uma coexistência mais pacifica.
Metodologia:
A metodologia utilizada será baseada em educação não formal (sessões interactivas, exercícios de pensamento criativo, role plays, trabalho em grupo, teatro do oprimido, simulações...). Alguns conceitos serão transmitidos através de pequenas apresentações. A aprendizagem experimental será particularmente levada em consideração: será mais que um método, mas um tema a ser explorado em si mesmo.
Participantes devem:
- ser jovens interessados na cidadania activa e com vontade de aprender novas competências na educação para a Paz
- ter entre 22 e 30 anos
- ter capacidades para comunicar e trabalhar em Inglês
- ter disponibilidade para frequentar o curso entre 30 de Junho e 7 de Julho
Custos e Financiamento:
Todas as despesas de alojamento, alimentação e participação nas actividades estão cobertas, bem como 70% da viagem ida e volta (os participantes têm de suportar 30% do valor total da viagem). O curso tem uma taxa de participação de 50€ que deve ser paga pelos participantes aquando da chegada a Florença.
Objectif Sciences International: um estágio Leonardo em França
Viver
algum tempo "no estrangeiro" é uma experiência muito interessante,
porque nos permite confrontar os nossos hábitos de vida e métodos de
trabalho com modos diferentes de ver e viver as coisas. E sobretudo,
fugir dos vícios da "Portugalidade" e aprender a relativizar o nosso
sistema de valores.
Fazer um estágio em França não é a mesma coisa que fazer um estágio
no Congo ou em Xangai. É claro que há muita familiaridade entre
Portugueses e Franceses - à conta da emigração, da influência francesa
na cultura portuguesa desde o Século XIX, etc. E porque, apesar de tudo,
estamos todos no mesmo continente, que não é tão grande como isso.
Senti-me em casa em França. Acho que há mais coisas em comum entre
Portugueses e Franceses do que entre Portugueses e Espanhóis, por
exemplo. O clima é moderado, as pessoas são reservadas e educadas e a
vida parece tranquila - sobretudo no campo, onde se situa o escritório
da organização de acolhimento.
Tem Cuidado Com o Que Desejas
Antes
de fazer um estágio na OSI e consultando o site da organização, fiquei
com a impressão de que esta ONG fazia coisas muito interessantes e que
me interessavam muitíssimo - sobretudo ligadas à divulgação e
popularização de ciência para populações juvenis. Excelente - é mesmo
isto que queria!
Mas o trabalho que se faz no estágio, dependendo da vocação e
capacidades de cada um, é sobretudo administrativo: traduções, edição de
sites, contactos telefónicos, pequenas tarefas repetitivas, para as
quais os funcionários principais da OSI não têm tempo e que ficam
reservadas para os estagiários. Mas estejam descansados, ninguém aqui
usa estagiários para tirar cafés ou fazer fotocópias; a primeira
ferramenta de trabalho que vos exigem é o vosso cérebro.
Há muito trabalho para fazer e as ideias circulam; se a vossa ideia é fazer turismo e passar um bom bocado...pensem duas vezes.
É
claro que há tempo para fazer turismo. Ir passear um bocadito, conhecer
os sítios, provar queijos e vinhos e isso tudo. Mas três meses passam a
correr e se não aproveitam o tempo para fazerem contactos, trocarem
ideias, desenharem projectos para o futuro, conhecerem e aprenderem mais
e mais...será um desperdício.
Ao contrário do que acontece em Portugal, os horários laborais são
respeitados. Se entram às 9, saem às 5. E se ficarem mais meia-hora a
despropósito, as pessoas olhar-vos-ão com estranheza e perguntar-vos-ão
se está tudo bem. Os horários são para cumprir: nem pensar em chegar
atrasado para o que quer que seja - mas ninguém nos obriga a fazer horas
extraordinárias só porque sim - desde que o vosso trabalho seja bem
feito e dentro do prazo, claro. Enfim: gente civilizada e que trabalha
como deve ser.
Carreira? Qual Carreira?
Os
estágios desta natureza servem sobretudo para trazer mão-de-obra
rotativa para estas ONG's, com o apoio da União Europeia. São
organizações pequenas, com poucos recursos e se esperam arranjar um
emprego aqui a seguir ao estágio...têm de ser muito, muito, muito, muito
competentes e interessantes, ao ponto da organização vos propor que
continuem por aqui. Não há dinheiro para salários continuados, para lá
da equipa nuclear. Desolé.
Há todavia a oportunidade de se inscreverem nas formações de
Educadores Científicos da organização e que podem resultar num trabalho
sazonal como educador(a) nos muitos campos de férias científicas que a
organização promove na primavera e no verão. E quanto à língua, não há
problema; o Francês e o Inglês são um requisito fundamental, claro, mas
há campos de férias para jovens de países lusófonos, anglo-americanos,
hispano-falantes, francófonos e até japoneses e chineses. Mas os campos
de férias científicas, apesar de não serem mal remunerados para os
padrões portugueses, são temporários. No fundo, são pequenos trabalhos
de Verão, muito intensos. Apesar de se trabalhar durante 15 dias com
miúdos de várias idades, há que preparar as formações muito tempo antes,
seguindo um calendário e orientações pedagógicas muito rigorosas e a
seguir aos campos, há que fazer a avaliação, balanço e relatórios, para
corrigir problemas, evoluir no trabalho e aperfeiçoar os resultados. É
trabalho muito interessante, mas muito exigente - e não é qualquer um
que está preparado para ensinar, com sensibilidade e bom-senso. Se
gostam de desafios que dão insónias, este é o sítio certo.
No País das Baguetes: Cuidado Com os Esteriótipos
Viver
em França não é difícil. Ao contrário da imagem popular dos Franceses,
as pessoas são simpáticas. Muito simpáticas. Às vezes, demasiado
simpáticas. Toda a gente nos diz "BONJOUR!" com um tom alegre e cantado -
e quando te despedes na mercearia depois de encheres os sacos de
baguetes e vinho das Sauternes de Landes, toda a gente te canta "BONNE
SOIRÉE!", com um sorriso. É no mínimo, perturbante. Como se estivesses
num filme musical da Disney.
Algo como isto.
E
toda a gente fará questão de te dizer, sobre a imagem externa dos
Franceses como pessoas antipáticas e mal-educadas, que esses são os
Parisienses. E os Parisienses, como todos repetem, são "umas bestas".
Algumas recomendações práticas: metam as baguetes no congelador e
descongelem o pão para o dia seguinte. Não sei que diabo é que eles
metem na massa do pão daqui, mas no dia seguinte, a baguete está dura
como rocha e perfeita para pregar pregos, fazer pequenas obras em casa
ou fazer parte do equipamento padrão da polícia anti-motim (que aqui se
chama CRS).
Outra recomendação: tragam café Delta de casa se tiverem espaço na
bagagem. Deixem-me repetir: tragam café português, tragam café
português, tragam café português.
Os Franceses gostam de
repetir à exaustão que a civilização ocidental foi salva pelo Carlos
Martel na batalha de Poitiers no ano 732 DC. É mentira. A civilização
ocidental foi salva no dia em que os Italianos e Portugueses tiraram a
primeira "bica" como deve ser. O café em França é caro, mal tirado e
sabe a água de lavagem de carros. Se gostam de café, é trazê-lo da
Península, porque aqui, é a barbárie. De resto, eles safam-se
moderadamente no queijo e no vinho. E têm cozinha francesa, que não é má
de todo, mas melhora conforme vamos avançando para o Sul. No Norte da
França, a cozinha resume-se praticamente a blocos de manteiga, com uns
pozinhos de outros ingredientes para disfarçar. Sobretudo batatas. A
batata é omnipresente; este país é obcecado por batatas e se o Euro
rebentar, não tenho muitas dúvidas que a batata será a primeira escolha
para ser usada como moeda...
Simpáticos, Mas Careiros
O custo de
vida em França é praticamente igual ao de Portugal. As casas de aluguer
em espaços urbanos andam pelos mesmos preços, as portagens, bilhetes de
comboio e autocarro, supermercados, água, telefone, electricidade ou
Internet, idem aspas. A única coisa que é de facto mais cara é a
restauração: jantar ou almoçar fora aqui pode ser duas a três vezes mais
caro do que em Portugal, dependendo dos sítios. De resto, os preços são
idênticos, com uma diferença importante: ninguém aqui ganha abaixo do
salário mínimo Francês, que é mais ou menos 1200 euros. Deixem-me
escrever por extenso: mil e duzentos Euros. Por isso, se nas vossas
voltinhas no LIDL virem pessoas muito mal vestidas a comprarem Foie-Gras
e Trufas de Perigord, com umas quantas garrafas de Champagne Moet &
Chandon para empurrar, não se admirem, porque é mesmo assim: os
Portugueses são pobres, porque não protestam, nem batem o pé como os
Franceses. Mas esperem pela pancada; por cá já se começam a fazer sentir
os efeitos da desindustrialização, da queda do consumo e a precarização
do trabalho e compressão dos salários avança com pezinhos de lã. Apesar
de estar mais protegida do que os países do Sul Europeu, a França vai
sentir a crise bancária mais tarde ou mais cedo.
Das Coisas Boas: Picar o Cérebro
O
local de trabalho reflecte a ética da ONG. O escritório é minúsculo,
está em obras, mas é todo feito sob princípios de arquitectura
sustentável - está construído com materiais biodegradáveis ou
recicláveis, com bom isolamento e eficiência térmica e energética.
Madeira, palha (sim, palha, é um bom isolante), lã-de-rocha e painéis de
aglomerado de madeira tornam o local muito agradável, faça calor ou
frio. Todo o terreno que rodeia o escritório tem vinhas e campos de
cultivo onde se pratica permacultura e estão ausentes pesticidas ou
herbicidas sintéticos. Portanto, a organização não prega ecologia,
sustentabilidade ou conhecimento científico em vão: pratica-os todos os
dias.
A única coisa que me faz comichão é que todos os
computadores do local correm sobre Windows, o que como utilizador de
GNU/Linux e defensor de uma cultura e economia "Open Source", me faz
alguma confusão - sobretudo porque eticamente é o que faria mais
sentido numa organização desta natureza. Mas como consigo fazer correr
sistemas GNU/Linux a partir de uma pen usb, posso trabalhar no meu
próprio sistema em qualquer máquina, portanto, sinto-me muito à vontade.
Há que praticar o Francês, que é a língua dos nativos e a língua de
comunicação entre as pessoas dos estágios e do escritório. Se não
estiverem muito à vontade, não faz mal, toda a gente fala Inglês e de
vez em quando os diálogos adaptam-se, para que toda a gente se entenda,
mas recomendo que pratiquem o Francês tanto quanto possível, porque é
uma boa oportunidade para praticarem a língua em imersão total.
Todos os sites da organização (e são muitos e
multilingues) são feitos com a plataforma CMS "SPIP", que é muito
conhecida e utilizada em França e países Francófonos, mas muito pouco
conhecida fora desse universo. De facto, não a conhecia de todo, mas
após a primeira semana revela-se muito fácil de compreender e utilizar,
sem grandes problemas.
De resto, para quem gosta de ciência e divulgação científica,
dependendo das pessoas com quem falamos (sobretudo nas formações da OSI,
onde se reúnem pessoas de vários países, com formações completamente
diferentes), podem estabelecer-se diálogos, trocas de contactos e
conversas muito interessantes sobre muitos temas. Mas para isso tem de
haver de facto interesse e uma postura pro-activa. Se vierem para fazer
turismo, também podem, mas...meh. Não é a coisa mais interessante que
podem fazer com este estágio. Se tiverem ganas de saberem coisas novas,
de estimularem o cérebro, de aprenderem como viver de modo diferente, de
saberem mais e mais...esta pode ser uma boa oportunidade, se souberem
estar atentos.