27 novembro 2014

Testemunho da Mara sobre o seu SVE em Granada

Hola :)

O tempo voa, quando faço uma retrospetiva do meu percurso por terras de nuestros hermanos as memórias são muitas, foram dias felizes dias tristes, mas que no final sempre terminavam com um sorriso porque as utentes com quem trabalhamos são as primeiras que nos dão a motivação para estar aqui. Aqueles dias em que a vontade não é muita ou por algum motivo é um dia não, chegamos ao trabalho e recebemos abraços e recebemos sorrisos de pessoas que passam por mais dificuldades que nós, e assim rapidamente o nosso dia se torna num dia sim e a nossa motivação cresce e o nosso sorriso aparece.

Estes 9 meses foram uma aprendizagem sem fim, através do contacto com os voluntários que se tornam amigos e posteriormente a nossa família todos os dias é um dia diferente, aprender diariamente algo sobre outra cultura através de pequenas coisas (como por ex: a forma de cozinhar a massa, acreditem que os italianos sempre estarão de olho). Infelizmente 3 dos meus companheiros terminaram antes de mim e foi muito difícil ter de me despedir, sentir que ia deixar de ter alguns dos meus suportes na fundação e em casa, mas tive também a sorte de chegarem rapidamente mais voluntários e conseguirmos ser um grupo unido.


Vivi como voluntária experiências que não esquecerei, profissionalmente posso dizer que cresci muito, é um trabalho que não é de todo fácil não pela parte física, mas bastante cansativo relativamente ao psicológico, no entanto, a evolução de alguns utentes e o valor que nos dão é sem dúvida uma recompensa diária. Aprendi imenso com cada pessoa com quem trabalhei, as educadoras são a melhor ajuda que podemos ter, estão aqui para tudo e não são apenas colegas de trabalho como também amigas que nos acarinham e nos fazem sentir em casa.





Vou levar no coração cada pessoa, desde os antigos companheiros de casa com quem compartilhei 7 meses de momentos únicos, aos novos companheiros, às educadoras que foram as minhas bases e sempre terei um grande carinho por todas, à Fátima a nossa tutora que faz um trabalho maravilhoso e que nos apoia em todos os passos que damos, a outros membros da fundação que também estão sempre dispostos a ajudar, e por fim e o mais difícil de deixar, as utentes que apesar de serem muitas conheço cada uma delas de uma maneira diferente levo cada uma delas no meu pensamento e no meu coração, sei que vai ser complicado deixar tudo isto, por isso vou aproveitar os dias que me faltam tão bem como tenho aproveitado todos os outros. Deixarei ainda parte do meu coração nesta magnifica cidade de Granada que é uma cidade encantada, e por mais cidades que possamos conhecer neste País nenhuma tem este encanto.


Mara

12 novembro 2014

Leonardo da Vinci em Granada - Testemunho de Joana Martins

*A Vida em Granada.
Uma cidade de sonho para se viver*

Granada é a cidade que conheço que mais árvores tem. E parques. Há bancos para te sentares em todo o lado (diz que é por causa dos 45º no verão).
Hoje fui passear e cheguei ao Ecoparque. Pensava que era um parque grande, para correr e passear. Mas não. O ecoparque é um lugar enorme onde se faz reciclagem (como os nossos lugares onde os camiões descarregam o lixo para reciclar). Este lugar serve para tu, enquanto pessoa, ires descarregar a tua reciclagem. Se tiveres um restaurante, um café, um armazém chino, não precisas encher os caixotes comuns da rua com o teu lixo, vais lá directamente. Desde plástico, madeira, metal, papel, pilhas ou lâmpadas. Há uma associação que vai lá todos os dias com os meninos e usa o material, fazendo actividades. Dentro de uma sala há cadeiras feitas com restos de paletes. Há também uma horta.
O centro de Granada é pequeno e pode percorrer-se todo a pé. Tem uma parte plana e uma parte que sobe o monte. Chama-se Albaizin: Faz lembrar o Algarve interior em conjunto com Alfama. As casas são brancas e as ruas muito estreitas e em pedra. Quando se chega ao topo do monte - Sacromonte - consegue-se ver a cidade toda. É incrivelmente bonito. Se fico sem ir a Albaizín mais de 3 dias, sinto a sua falta, portanto hoje vou a Sacromonte, ver a vista da Abadia.

As ruas cheiram a erva. Boa erva parece-me. Numa parte quando se está a caminho do Sacromonte, já a sair de Albaizin central, há pessoas a viver dentro do monte. Em buracos na rocha. Grutas Hippies. É brutal. Faz mesmo lembrar os primitivos, ou quando se vê um filme e é dentro daquela gruta que existem os monstros, ou os gigantes.

O atelier onde trabalho (uma igreja) é composto por um casal jovem. Têm pouco mais de 30 anos. Vão tendo pessoas a trabalhar com eles. Neste momento somos 6 (3 portugueses, dois espanhóis e uma chinesa). Os portugueses que conheci no atelier, o Helder Jesus e a Marilisa Baptista, levaram-nos a uma das melhores experiências da minha vida. Nalgumas cuevas (os tais buracos/grutas hippies) no meio do monte, os Senegaleses à 5ª feira têm um ritual. Dançam e cantam em roda. Oferecem café durante, e comida no final. É muito especial. Cantam aos deuses, para que os ajudem a ter paz, a ser felizes.

Somos 6 cá em casa. Vivemos com 4 italianos. Queridos e doces. O Giancarlo chama-me "Maman", tem uma certa piada. O bairro “La Chana” contém várias classes sociais. Há o prédio do bairro social, o prédio classe média e a vivenda. O comércio local existe e ao sábado as ruas parecem um mercado em ponto grande. Para além disso as pessoas juntam-se no polidesportivo, enorme e com campo de futebol - enquanto eu e a Rita estamos a cozinhar, ouvimos o apito do árbitro.

O sentimento por Granada é o mesmo sentido por muitas pessoas.. Granada é mágica. Há qualquer coisa de inexplicável que paira sobre este lugar.


Joana Martins

Texto da Zofia - a sua última tarefa SVE na SPIN

Hoje vi que O Churrasquinho 'Os Lopes' ganhou prémio por ter a segunda melhor sopa do Bairro Padre Cruz. Isto lembrou-me dos almoços na Spin com os meus colegas, de todo o meu SVE em Lisboa e da minha última tarefa – escrever o meu testemunho. Confesso que é muito difícil resumir num texto curtinho 9 meses da experiência do trabalho na Spin e vida portuguesa (com certeza!). Liguei o fado e comecei a pensar.

O trabalho na Spin deu-me muitas oportunidades de desenvolver as minhas competências e aprender as coisas novas. Agradeço às minhas chefes, mentoras e amigas – Aneta, Sara e Raquel– por me terem acompanhado e apoiado nesta aventura de aprendizagem contínua. Aprendi a ser melhor tradutora, a editar o site e o blog, a organizar os eventos locais, a gerir os projetos europeus, a trabalhar no âmbito internacional, a falar línguas, etc.

Agradeço ao Álvaro que foi o melhor colega de projeto possível!
Com quem passei muitos momentos inesquecíveis tanto no trabalho como no nosso tempo livre; quem me apoiava sempre quando foi necessário, quem me fez sentir em casa. Agradeço a todos os meus colegas da Spin – Emilio, Enric, Gonzalo, Graziano, Kasia, Maja.

Agradeço à Klaudia com a qual partilhei a casa e incontáveis momentos dos quais vou lembrar-me sempre.

Desde o início fui acompanhada. Nunca me senti sozinha. Andei a conhecer a cidade, os seus cantos pouco conhecidos, os costumes e tradições portuguesas rodeada por um grupo de pessoas excelentes. Por isso agradeço a todos os voluntários, ex-voluntários e os seus amigos que me acolheram sem nenhumas hesitações. Obrigada, Giacomo, Johan, Laura, Marcos, Marta, Miriam, Richie, Tatiana, Tiziano, Valeria. Agradeço a todas as pessoas que trabalharam ao meu lado na Associação Ginga Brasil (Ricardo, Cláudia, Wojtek, Ricardo) e Creche Crescer à Cores (Noemi). Foi também um prazer conhecer novos voluntários em Carnide (Anteo, Erica, Lidia, Natalia, Serena, Tommaso) e partilhar com eles os seus primeiros momentos em Lisboa.


Muito obrigada a Romina, Sole, Gonzalo, Hellen, Nico, German e a toda a minha família argentina em Lisboa. Muito obrigada a todas as mulheres maravilhosas do grupo Expat ladies in Lisbon.

As minhas lembranças de Lisboa são todas estas pessoas que encontrei. Os momentos que passei com elas a falar, a fazer silêncio, a rir, a chorar, a dançar, a trabalhar, a conhecer novos sítios, a passear, etc. São as pessoas das quais nunca vou esquecer e às quais digo: OBRIGADA! E mesmo que agora tenha saudades, estou feliz por ter podido conhecer todas estas pessoas. Agora começa a minha viagem pós-SVE e sei que sou mais rica em experiências que me vão ajudar nas aventuras seguintes. Um bocado do meu coração ficou em Lisboa e com certeza algum dia voltarei.

03 novembro 2014

Testemunho da Maria sobre o seu SVE na Polónia

Lugares que vivi, pessoas que conheci. Semanas após ter regressado da jornada incrível que foi o meu projeto SVE olho para trás e são estas as palavras que escolho para tentar explicar, nem que seja apenas numa fração, o que estes oito meses significaram para mim.

Em Fevereiro de 2014 atravessei a Europa para ir de encontro ao meu país de acolhimento, a Polónia. Sem qualquer opinião previamente formada e apenas com a bagagem histórica em mãos rapidamente fui conquistada pelas "ryneks" coloridas e de telhados irregulares, pelas mil uma pontes da minha cidade, pelos "pierogi" saborosos e sobretudo por um povo discreto e calmo, diferente de nós mediterrâneos, mas de braços abertos e coração quente em igual medida.

Em contínuo deslumbramento e de sentidos espicaçados fui também recebida pela minha organização TRATWA e pelos outros voluntários SVE que mal eu sabia na altura iriam-se tornar na minha família polaca. O meu projeto “My place NGO” tinha como objetivo promover o autoconhecimento e o desenvolvimento de competências em jovens em risco de exclusão social com recurso a ferramentas não formais. A aproximação aos jovens foi desafiante quer pela barreira linguística quer pelo facto de sermos estrangeiros mas com o tempo, dedicação e presença consegui estabelecer uma relação de confiança com eles. E de silêncio e olhares desconfiados passámos a sorrisos e abraços e tentativas de comunicação. E este sim é dos frutos mais recompensantes do meu voluntariado.

Poderia-me alongar e falar-vos das pessoas incríveis que se cruzaram nas minhas inúmeras viagens, do meu enriquecimento cultural como no training em que haviam voluntários de Portugal até à Rússia, da tolerância e sensibilidade de partilhar casa com duas culturas diferentes ou dos pequenos momentos em que me sentia afortunada como quando visitei pela primeira vez a República Checa a fazer hiking nas montanhas a convite do presidente da minha ONG. São tantas as memórias maravilhosas que refletem a multidimensionalidade do meu projeto SVE. O sair da zona de conforto e abrir as asas para o desconhecido para apenas nos redescobrirmos e darmos lugar a uma força que nos diz que tudo é possível. E assim foi.


Maria João Arrifano
Projeto SVE “My place NGO”
Fevereiro-Outubro 2014
Wrocław