Chamo-me Carolina, tenho 21 anos e, desde setembro do ano passado que vivo em Bordeaux, França, para fazer o meu SVE na Maison de l’Europe. Somos um total de 27 voluntários, 16 oriundos dos quatro cantos da Europa, e 11 franceses.
Em julho do ano passado concluí a minha licenciatura em Ciências da Comunicação. Entrar no mercado de trabalho tão cedo nunca foi um objetivo. Na verdade, enfrentar o desconhecido, viajar, descobrir, eram sonhos por concretizar. Um dia, estava no autocarro e ouvi uma conversa entre duas senhoras acerca do voluntariado. E nesse momento deu-se o clique: Voluntariado Internacional. Era o ideal porque conciliava tudo o que sempre quis: conhecer novos locais, emergir em novas culturas, aprender novas línguas. Pesquisei e acabei por encontrar o projeto do qual agora faço parte.
Confesso que o que mais me cativou foi, não só a diversidade cultural inerente ao mesmo, mas também o facto de representar Portugal, de ter de dar a conhecer a minha cultura e o meu país.
Trabalhar [e conviver!] com 26 pessoas tão diferentes entre si revela-se um desafio diário. Ser fiel à minha cultura, e ao mesmo tempo adaptar-me não só à cultura francesa, mas também à cultura dos meus colegas europeus nem sempre é fácil. Por vezes, aquilo que é aceitável numa cultura, não é aceitável noutra. Saber lidar e ultrapassar essas diferenças é algo que requer jogo de cintura. Mas é também uma forma de conhecermos os nossos limites e de reflexão sobre as nossas tradições. E a dinâmica do grupo é excelente. Foi muito interessante a forma como nos conectamos e passamos rapidamente a amigos. Nem sempre estamos de acordo, mas respeitamo-nos e tentamos ultrapassar as diferenças.
Relativamente ao facto de representar Portugal confesso que foi algo que me assustou. Estaria eu à altura de tal desafio? Lembro-me da minha primeira intervenção – tremia de nervosa que estava. Assim que disse que era portuguesa o entusiasmo deles foi notório. Perguntaram-me se conhecia o Ronaldo e quantas vezes por dia comemos bacalhau. Ri-me, obviamente, expliquei que comemos muito bacalhau, sim, mas que temos outros pratos.
Dar a conhecer a minha cultura, as nossas lendas e também a língua portuguesa [até porque faço questão de lhes ensinar palavras básicas!] é algo que me dá imenso prazer e que faço com imenso gosto. Por vezes, existem barreiras linguísticas – não domino de todo o francês, mas, como boa portuguesa, desenrasco-me bem. E nunca faço as intervenções sozinha – estou sempre acompanhada por alguém de nacionalidade francesa.
Algo que não está diretamente associado ao projeto, mas que acabou por vir como uma espécie de arrastamento foi a aprendizagem de muitas línguas. Quando aqui cheguei falava português e inglês, só. Atualmente falo francês, espanhol, um pouco de italiano e tenho-me aventurado na língua estoniana.
Em suma: candidatar-me a este projeto revelou-se a melhor escolha da minha vida. Existem dias complicados? Sim! Saudades de casa? Sim! Mas não voltaria atrás nem por um segundo. Porque não podemos fugir de novas ideias. Nem de novos começos. Porque no final de tudo, não podemos fugir à vida.
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