26 fevereiro 2019

O testemunho da Carla

Em Outubro, a organização para a qual colaboro em Bordeaux, informou-nos de que deveríamos realizar um vídeo que servisse para nos apresentarmos. Para isso, deveríamos frequentar uma formação audiovisual onde seriam dados alguns conceitos que nos iriam ajudar na realização do vídeo: correcto manuseamento de todos os equipamentos necessários, atenção à luz, diferentes enquadramentos, recolha das imagens, escolha das mesmas e, por fim, edição. Uma das condições para a realização do vídeo era organizarmo-nos em pares, sendo que os membros do grupo deveriam pertencer aos diferentes programas que constituem o projecto (European Voluntary Service e Service Civique).

Formados os pares, eu e a minha colega marcamos uma reunião para decidir o que iríamos fazer e rapidamente passamos à acção. Infelizmente, a ideia do vídeo partiu de mim (inspirada num vídeo de que gosto bastante sobre Coimbra realizado por estudantes estrangeiros) e era bastante ambiciosa: de forma resumida, a nossa intenção era recriar um dia das nossas vidas em Bordeaux até chegarmos à organização para a qual colaboramos, ao fim da tarde, onde nos encontraríamos. O guião estava escrito: ambos saíamos de casa, caminhávamos, eu seguia de barco, ela de tram, visitávamos diferentes praças e museus, almoçávamos, passeávamos mais um pouco, eu comia um pastel de nata, ela comia um cannelle e seguíamos para a organização.



- Quanto tempo achas que precisamos? Uma tarde para filmar isto tudo?

- Sim, chega de certeza.

O primeiro dia de filmagens foi, como seria de esperar, uma chapada de realidade: percebemos que íamos demorar mais tempo do que imaginamos, fomos confrontadas com o facto de que o nosso plano inicial era demasiado ambicioso e percebemos também que, por muita boa vontade que tenhamos, há muitos factores externos que nos podem condicionar (nomeadamente, as condições meteorológicas). A juntar a tudo isto, ambas temos uma certa tendência para o perfeccionismo – para quê gravar uma cena só uma vez quando podemos gravar três ou quatro vezes, certo? É difícil imaginar que mais alguma coisa não decorresse de acordo com o planeado, a não ser que perdêssemos todas as imagens que demoraram imensas horas a gravar. E claro que foi isso que aconteceu!

Partimos para o segundo dia de filmagens com uma atitude mais firme: deveríamos deslocar-nos aos diferentes locais e fazer a cena, que gravaríamos apenas o número de vezes necessário até estar aceitável. Saída de casa, caminhar, tram… Vamos andar mais uma estação no tram porque aquela senhora olhou para a câmara… Barco, Place de La Bourse, Place de La Victoire… A história começava a compor-se. Precisamos de outro dia de gravações para filmar alguns locais importantes para a história que ainda não tínhamos conseguido filmar, desistimos de outros e… voilá! Demos as gravações por terminadas.

Finalmente, a parte que eu abomino: editar. Peçam-me tudo, mas não me peçam para editar. É daquelas coisas de que eu não gosto mesmo. Para mais, um vídeo com o formato que desejávamos: o ecrã dividido ao meio para deixar ver as duas histórias a decorrer em simultâneo. Estilo videoclip versão amadora. Acabamos por pedir ajuda a um colega, que teve uma paciência de santo para ouvir as nossas ideias e as fazer cumprir, e a quem já agradeci para cima de 30 vezes. Entretanto, a escolha musical não foi a mais feliz...

Enfim, espero que gostem! 



O testemunho do Duarte

Between the 1st and 8th of December, Črnomelj, in the Southeast part of Slovenia, for those of you who never heard about this town, received 26 young people to discuss and learn more about how to make a difference through social entrepreneurship. 

This training course aimed to provide the participants tools, knowledge and skills on how to build our own project, by sharing our ideas and points of views about a wide range of areas where we can step in. Every participant prepared a presentation about a social enterprise in their country and how it could be implemented in the others participants countries. 

During this training course we also had the chance to see by ourselves how a social enterprise works. We went to Ljubljana and were invited to meet the Skuhna project – a restaurant focused on providing authentic food from Africa, Asia and South America, increasing the employability of migrants from these regions. 

By the end of the project, we were challenged to take on all the knowledge and skills learnt and build our own social enterprise. The mix of cultures and backgrounds created very interesting project ideas that would help to make the difference in our countries.  All the activities inspired us to be the difference we want to see in the world and how we can achieve it. We have to thank all of you who make this project work, specially the Mladinski Center Bit to welcome us and be our home during this intense week. 

Duarte Alves


18 fevereiro 2019

O testemunho da Elisabetta

Para falar a verdade, não está a resultar nada facil escrever o último testimunho do meu ano de S.V.E. Sinceramente acredito que tudo acontece por uma razão. Exatamente um ano atrás estava eu na casa da minha mãe quando recebí a notícia que tinha sido escolhida da lista de espera porque a rapariga de “primeira escolha” recusou a vaga. Tive que reservar um voo, encontrar um quarto e avisar a minha familia em 10 dias. Hoje, um ano depois, vou ter uma entrevista de trabalho, escreví este artigo e fiz o teste on-line de língua e o resultado foi... C2!
Mas a língua não foi a única coisa que eu aprendí.


A próxima semana vou participar na cerimonia inaugural da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica, na qual vou empreender uma formação em Psicoterapia de 4 anos.
O trabalho com as crianças na creche durante este ano, além da minha formação em psicologia e dança, deu-me a experiência suficiente para poder ser escolhida para participar num projecto de teatro, música e dança com familias e crianças.
Um dos aspectos pelos quais estou mais agradecida é ter tido a oportunidade de voltar a viver na cidade em que aprendí a dançar, e agora ensino dança naquela mesma escola. Também comecei a dar aulas emo outros espaços de diversão por minha conta e assim pude desenvolver o meu empreendedorismo.


Estas últimas semanas estão a ser bastante puxadas e cheias. O meu último dia de trabalho vou participar na Festa de Carnaval com as crianças. Elas vão vestir fatos de “eco-hérois”, com texidos reciclados costurados pelas minhas colegas. O dia a seguir apanharei um avião para Bolonha para ir visitar a minha associação de envio com a qual manteve os contactos uma vez por mês durante este ano.
Isto tudo para dizer quantas coisas podem mudar quando tu...make up your mind!
Voltaria a fazer a mesma escolha? Claro!


Recomendaria a experiência á outros jovens? Com certeza absoluta!

09 fevereiro 2019

O testemunho da Elise


Here I am. Almost 9 months passed and it’s time for me to think and to do a resume of all my EVS. My association SPIN said to me, when I arrived, to take some notes during my EVS to not forget what happened, what I learned, what I experienced. Well, I didn’t do it because I didn’t take the time. But it was so incredible that now, in front of my computer, I have any difficulties to remember. It's strange to think that it’s my last month, I’m feeling so comfortable here. “Casa Anjos” is my home, Lisbon is my city, Portugal is my adoption country. I remember the first day I arrived in Lisbon, the 1st of June, the first day of Santos Populares. I had a very festive first impression of Lisbon. I just arrived, put my luggage in my new room and went out with my roommates to discover Lisbon for the first time by listening Pimba, trying Super Bock beer and eating Sardinhas no pão. This first day would describe my entire EVS: always doing something, always discovering something, always with my friends, always drinking vinho verde (Viva Gazela!!). 

My main goals when I came here were,“to discover a new culture, learn a new language”, “to be more creative”, and over all, to “learn more about the others and myself”. Well, the last one seems a bit exaggerated but yes, after 3 years the head in the studies, in the rush, I needed a break to raise the head up and to see more clearly my situation and the world. So let’s see if I ticketed all the boxes.

First let’s talk about Casa Anjos and how I learned more about the others. The first day, I arrived in this flat full of pictures and photos left by the former volunteers. It’s a flat quite old, with carpet all over the floor, a disposition a bit strange with a living room smaller than my room. I didn’t feel so comfortable the first days in this flat where, according to my roommates, there is the spirit of “Menino Morto”. Yes, dead child, the story is a bit long but this ghost seems to be the keeper of our flat. A strange flat, but the people inside are just amazing. We are a mix of so much nationalities and I learned more about other countries as Hungary, Armenia, Italy, Spain, Poland, Belgium, Macedonia, Croatia. To live with so much people allows you to have a vision of the whole world without moving from home. When I started my EVS, my goal wasn’t specially to make me “friends for life”. But as sentimental as it can be, it happened, and now I could say I have brothers and sisters of different nationalities. It’s a human experience, you grow together, you live together, you share your room. So we developed a family spirit, and even “Menino Morto” seemed to be one of us. 


  
    

Thanks to Casa Anjos and my EVS family, I discovered the world and plenty of different cultures. But I had also affinities with some local people who became my closest friends and a big support. They allowed me to discover the portuguese culture deeper than I would never imagine. The music, the food, the celebrations, the traditions, the habits, the situation of Portuguese people. I didn’t stay on the surface with a touristic image of Portugal but I learned what are also the daily preoccupations, difficulties, concerns of Portuguese people. Gourmand as I am, one of my main goal was also to try all the specialities of Portugal. I can say that it’s a goal almost achieve. Almost because of course I didn’t try the one hundred ways to cook bacalhau. But I did the list of what I ate since I arrived and, well, it’s a lot, really. For me, discover a culture goes specially through the food, and now I can say that the portuguese culinary culture is very oily, with maybe too much french fries but appart of this, really tasty. I could even say that I’ll miss my favourite portuguese dish, the “Bacalhau à Gomes de Sá”, or even the “Bola de berlim com chocolate” that we were used to eat “às quatro da manhã” in Cais do Sodre after a crazy night (reference to one of my favourite portuguese song: “Devia ir” of Wet Bed Gang).

Besides my personal life, I evolved through my job as a monitor for kids in the CAF São Vicente. I lived two different period in the children’s life: the first part was during the vacation period, the second part was during the school period. These two periods were different in their rythm, activities but also because I had two different team and tutor. It was a bit disturbing at the beginning, you know to change your habits, to meet new people while you just arrive 3 months ago and you just got used. But finally, this change was a good opportunity to share my time and to see the different organisation of two centers. In my old testimonials, I said I had some struggle with the portuguese and to learn this language would be an indispensable factor in my development at work. It was totally true. At the beginning it was difficult to understand what the kids were saying to me. After 5 months, I improved and the portuguese started to be easier. For a person who didn’t know one word of portuguese, I’m proud to say that after 9 months, I speak quite well the language of the “shhh”.


  

This EVS was also a good opportunity to develop my creativity between my work and the project I was part of at SPIN. I stopped drawing or painting at High School and I totally gave up at the university to concentrate on my studies. At work, drawing with kids or for the CAF allowed me to develop my artistic skills. I drew the entire schedule of the CAF, I helped with the decoration for Halloween, Christmas, São Martinho, São Valentim. Plus, with the other volunteers of SPIN who were part of my project “Change +”, we had to create an exposition about the Human Rights. I realized an artistical activity with kids to expose some draws at the exhibition. We did a big job to create an interesting exhibition with content. The inauguration was really nice and I’m proud to be part of a project like this!

This EVS was, for me, the occasion to think about my future, to take some time to discover what I deeply want to do after my double bachelor. Because I don’t forget why I did this gap year. It was maybe 9 months really intense in travels, experiences, parties.. but I never forgot that I had to reflex about what will be the next step of my life. During my EVS, I found the field in which I want to work and I started to apply for some masters. I’m feeling a bit confuse because almost all my friends already finished their studies and they can stay in Lisbon after their EVS. It’s something really tempting but I know I must stay focus: to do my master for maybe after, come back in this country.


  

E para acabar da melhor forma, eu vou escrever em português, para vos mostrar o quanto eu amo este idioma. Com certeza vou ter muitas saudades deste lugar, destas pessoas, desta cidade, deste país. Mas vai ser apenas um até jà, porque eu pretendo voltar ao país do bacalhau, da pimba e do vinho verde muito brevemente.

Até logo Lisboa, beijinhos grandes 

Elise