28 agosto 2020

Testemunho da Rafaela (ESC Cirkus in Beweging) (Belgium)

 


            Olá, o meu nome é Rafaela Alface e por um ano estive a viver em Leuven, Bélgica, a realizar um programa de voluntariado na escola de circo Cirkus in Beweging, que significa Circo em Movimento (na verdade ainda aqui estou, a duas semanas e meia da minha partida e é daqui que vos escrevo, com a saudade desta minha aventura já a bater  no coração antes do tempo).

            Para contextualizar um bocadinho, na verdade eu já cá estou faz agora 1 ano e meio. Estive na mesma cidade integrada num programa internacional de Erasmus em trabalho social por um semestre. Acontece que no fim dessa experiência, não fui capaz de aceitar a ideia de regressar a casa tão cedo, a minha aventura na Bélgica não podia ter acabado. Por isso, ao contrário do que a maior parte das pessoas faz, encontrei e inscrevi-me no programa de voluntariado já estando no país estrangeiro e já conhecendo a organização na qual queria ficar a trabalhar. A sorte estava do meu lado e consegui ficar por mais um aninho.

            Foi uma experiência incrível, das melhores decisões que já tomei na minha vida, expecialmente para enriquecer a minha futura profissão como animadora social/cultural e profissional da área social pois, para quem não sabe, é uma profissão onde tudo pode ser tranformado num veículo para fazer conexão com o público alvo com o qual trabalhamos. No meu caso, a vertente artística tem muita importancia, daí o meu entusiasmo de agarrar esta oportunidade.

            Ao longo do meu caminho aprendi muitas coisas, tais como: todas as noções base das mais variadas técnicas de circo (ex. Malabarismo, equilíbrio, acrobacia, teatro...) mas também muito acerca de pedagogia e como lidar com grupos de várias faixas etárias ou como estar na posição de assistente/professor (na autoridade). Aprendi também muito acerca de gestão de questões práticas como dinheiro ou comida (uma das minhas tarefas como voluntária era fazer compras e confecionar refeições para a equipa da escola quando necessário)e também acerca de manusiamento, contrução e reparação de materiais. Para dar um bocadinho mais de luz ao que foi o meu trabalho, as minhas tarefas principais giravam à volta de: assistir (e mais tarde ensinar) em aulas, workshops e sessões realizadas pela escola; organizar e limpar espaços; gestão de eventos e participação em projectos e animações; cozinhar; elaboração de disfarces etc... Em adição a isto, tive sempre a oportunidade de participar em todas as aulas para a minha faixa etária apenas para meu prazer e enriquecimento pessoal e ainda uma formação pedagógica intensiva para ter o certificado de mentora/animadora de circo sem quaisquer custos adicionais. Tive ainda a oportunidade de aprender o idioma holandês, com aulas na escola de linguas e posso dizer com confiança que domino a lingua a um nível básico mas avançado o suficiente para me ser fácil de comunicar com a comunidade à minha volta no dia à dia, sendo especialmente fácil com as crianças em contexto de trabalho (ps: as crianças são excelentes professoras quando somos humildes o suficiente para admitir que sabemos menos que elas!).

            Mas nem tudo foi fácil, claro...Devo admitir que é um grande desafio viver fora do nosso país, especialmente a um idade tenra (no meu caso aos 19 anos). Os desafios que encontrei foram nomeadamente: viver sozinha e lidar com tudo o que isso inclui (dinheiro, comida, lides dosmésticas, solidão...), mudar a mentalidade de “escola” para “trabalho” e as suas responsabilidades associadas, lidar com o falhanço, problemas de comunicação, planos de ultima hora e com todas as novas pessoas e dinâmicas na minha vida. Aprender a lidar com problemas do dia a dia sem a nossa base de suporte familiar pode ser assustador mas por experiência só posso dizer que me tornou uma pessoa extremamente mais independente, confiante e adulta.

            Pra terminar, só quero dizer que encorajo toda a gente que está a ponderar uns meses ou um ano (ou mais) num país estrangeiro, que o faça, pois mesmo todo o medo do mundo irá compensar tudo aquilo que ganharão com a experiencia a nível profissional mas mais importante que tudo, a nível pessoal.

            Junto com este texto ficam algumas fotografias que tirei ao longo do meu projecto (algumas animações em que participei, técnicas que aprendi, pessoas que conheci...)

            Antes de me despedir, gostaria só de agradecer à Spin por todo o apoio que me deram durante esta jornada, sem vocês não teria sido possível! Um grande beijinho!






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